Descobrir uma gravidez é como ser envolta em uma onda que vai percorrer kilômetors. Uma onda forte, uma onda que vai. Não há opção, ou se aceita ou se aceita, por mais aterrorizador seja ver a paisagem onde se estava apenas minutos antes se afastar em velocidade alarmante.
A primeira impressão minha tem sido essa. Estou sendo arrastada para longe, longe de tudo familiar, longe dos passos pequininhos que estava tomando.
E se eu puder esquecer por alguns segundos, sempre vem o som da onda quebrando, sempre um passo a minha frente. O enjôo nocauteador, o medo que surge, a cólica curiosa, os seios expandindo e o sono, meu deus, o sono!
Surge outra questao nisso tudo. Se a onda me leva, para onde? Também é um tempo de desapegar de muita coisa, de passar pelos lutos necessários - e o desapego traz liberdade de criar no novo espaço que se abre. Nao vai ser como era antes, mas o que tinha antes que eu desejava mudar? Agora tenho uma boa oportunidade, um impulso de tsunami.
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