domingo, 26 de junho de 2011

As fotos


Estou organizando todas as fotos da casa.
De 19 e bolinha até 2011...
Todas.
As fotos se espalham pelo chão do quarto e vão se amontoando em épocas...aos poucos vou filtrando-as por ano e por eras e assim vou recriando a minha história.
Quando fomos pro Peru...
O casamento dos meus pais...
Quando viemos para Brasilia
Aqui eu já tinha 8...ou era 9?
Deus me livre, entrando na adolescência...tadinha de mim...

Algumas épocas me causam mais dor que outras, uma dor involuntária, reflexa, tal como o martelo no joelho.
Depois de olhar e organizar vou para a cozinha ferver água e a melancolia toma conta junto com o bittersweet do café. É difícil dar-me conta do que aconteceu, porque fiquei triste "de repente"...um gradual que vira de repente, na verdade.
Então me ilumino e me toco...tem coisas que vibram em mim profundamente, como me ver aos 11 e  ver sem máscaras a ansiedade que eu já sentia, o medo e o isolamento. Vejo no meu rosto e no meu corpo desajeitado a falta que sentia da minha mãe, tremenda falta, mesmo estando do meu lado.
Vejo as fotos de quando meu pai começou a ser visita aqui em casa e para minha surpresa, é justo nessa época que o coelinho, o Bunny, começa a estar presente em toda foto, um talismã, um cobertor de segurança. Engraçado o que não enxergamos a não ser de uma distância. 

Outra épocas me dão calor no coração...ver o começo do casamento dos meus pais, como começou a vida da minha mãe, da minha idade começando a aventura de sua vida. Chegando aos EUA, nem sonhava que se casaria e logo depois chegaria eu.  Alí estou, cheia de vestidos e pezinhos, e logo em seguida a irmã e mais poses e serelepices.
Eu olho pra ela(s) e procuro eu. 
E eu, mãe? Você me levou até aqui, estamos aqui...e agora? 
Minhas fotos serão como daqui uns anos?
Sinto que organizo o passado para abrir espaço para o futuro.

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