domingo, 22 de julho de 2012

Rabugices e paradoxos da gravidez


Que paradoxo. No momento em que a natureza mais te chama para o interior, para seus instintos mais básicos, para o aqui-e-agora encarnado no teu umbigo, a grávida também vira algo extremamente exposta e pública. Passe mais de 2 segundos com qualquer estranho que logo vem a bateria de pergutnas…quantos meses, menina? Menino? Tem nome? Saco. 
Eu tenho sentido esse chamado para me interiorizar cada vez mais e mais forte. Acho que falo menos, escuto menos, me importo menos com coisas além do meu âmbito ou interesse imediato. Nem mesmo com minhas colegas grávidas sinto o apelo de trocar amenidades. Pois essa brecha também existe, firme e forte – basta duas grávidas se encontrarem que parece haver uma obrigação em trocar figurinhas e comparar estados. Participo o mínimo possível, me atendo a questões de se está tudo bem, quantos meses…mas nem me importo em pergutnar se é menino, menina, se tem nome, etc…Já acho íntimo demais –  acho um saco quando me pergutnam, então deixo para lá. Que diferença faz para mim?
Não consigo pensar em outro estado que gere tanta intimidade com estranhos quanto a gravidez, realmente não consigo. Tudo bem, dá para entender…há uma certa aura, uma curiosidade, um fascínio pela criação da vida, etc. etc…mas lidar com isso dos outros enquanto se está grávida está provando ser algo puxado para mim. Imagino que tenha gente que goste, que não se importa nem um pouco em ser alvo de atenções e pergutnas, que goste de exibir a barriga e os dados obstétricos, tudo bem. Eu que estou cansada disso, quero hibernar no meu cérebro mamífero e não ter que dar mais essas satisfações…ainda mais agora, “perto” que estamos do parto, as perguntas começam a se forcar nesse evento, como se eu pudesse saber de tudo que vai acontecer no dia, na hora. Parto normal ou cesária..ok, estou programando normal, mas é Deus quem sabe mais do que vai ser. Que dia? Ai que saco, já comecei a dizer, última quinzena de setembro, isso de se dizer uma data me parece uma piada, tanto porque já recebi 3 DPPs confiáveis, então tanto faz. Médico (como se fizesse diferença, você vai conhecer?)/hospital? Aí já invento qualquer distração para não ter que entrar na questão do domiciliary, pois dependendo da pessoa já dá margem a toda uma conversa na qual tenho que justificar essa escolha e apresentar todos os dados de segurança. Que mais? Ah, sim, as histórias de fulana filha de fulana prima de fulana que teve nenem a outra semana/outro ano/vai ter em dezembro…que diferença faz isso para mim? Sim, sei, estou chata. Mas sinceramente, que diferença faz a história de fulana para mim? E tem as perguntas do tipo “tá preparada?” ou “tá com medo?” ou “tá ansiosa?” Sim e não, sim e não, sim e não. Não tenho respostas simples para ninguém.

Enfim, acaba cada um seguindo a vida, cada estranho saindo do elevador no seu andar e que diferença fez?

Existem pessoas certas para fazer certas pergutnas. Essa é minha conclusão.
Shhh!!

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