quinta-feira, 29 de abril de 2010

One Enormous Run-on For You

Tension throughout entire body leaks out of my tummy, out of my eyes in hot tears of relief which search for a way out, for permission to be expressed - I feel so tired today, but it's not 2009, that is all I can think of and be grateful for, it is not last year, it is not 2007, it is not 2005, it is not 2004 or 2003 that is all I know tonight - I knew it would be hard to sit here and write something real yet not melodramatic and I really try because today I need to write like my life depends on it which it sorta does, I would add, or else I will forget what appetite is and forget what is normality as my tummy feels the wretched "stomach fear", that is the name I gave it last year, 2009, I no longer feel stomach fear the same way, when it comes, I stop and drop anything I am doing in order to take care of it and of myself because there is no way on earth that I am not going to learn from past experience - today I wanted only fruit for lunch but made myself return and rediscover rice and beans and flavor, I told my tummy, you can take it, don't freak out on me, I'll be nice and patient, and it worked, because that's all it ever wants, is niceness and a bit of mothering, I guess, the stomach always knows what it wants, it's quite amazing like that.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Tomate, tomate mesmo!






"maya...pense assim
um dia vc é tomate, no dia seguinte vc é uma bananano seu segundo dia de banana, vc ainda vai estar pensando como um tomate
até vc se acostumar com a idéia de que vc não mais é um tomate, mas uma banana
tá entendendo?...tô falando de tomate, tomate mesmo"

Em homenagem à Little, pois foram as palavras mais sábias da semana e que, na lógica total dessa amiga querida, conseguiram me acalmar e inspirar! Tomate, tomate mesmo!Momento bem esquizofrênico de vida:Posso descrever assim: como se eu odiasse escrever, e todo mundo a minha volta odiasse ler - e aí me dissessem, escreva para essas pessoas! Faça algo que você detesta para pessoas que vão detestar o que você faz! Ai. Mas dizem que a loucura é criativa e desbrava caminhos. Cenas dos próximos capítulos!

domingo, 25 de abril de 2010

Há de surgir uma estrela


Compasso de espera
Compasso de pausa
Com passos impacientes
Passos de dança
Passos que aguardam o momento e o espaço
um espaço no espaço
Um palco.
Não vejo outra opção – ou somos muita coisa, ou somos nada. Ou sou muita coisa, de importância infinita lançada às estrelas ou não...e nada disso, nada disso tem a mínima poesia e a beleza seria nossa ilusão de sentido.
Não admito meio termo, temos que ser tudo.
Não aposto na insignificância,
pois como ouvi cantar ontem:
Há de surgir uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir.
Em que giro da dança esqueci de fixar o olhar e pisei tonta, cambaleante?
Em que linha desviei o olhar e a caneta continuou, torta?
Pois como vi cantar ontem:
Há de apagar uma estrela no céu cada vez que ocê chorar
E nesse instante do show, chorei. E sorri. Minhas estrelas fizeram pirotecnias.
Vi o palco, vi o artista, vi a letra, a música, a alma – e chorei.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

No-sense


c'est moi ajourd'hui
n'est pas des beaucoup paroles


porque as imagens dizem demais
e


Dicono sempre molte cose
allo stesso tempo
sono integre


to join the ideas
the music, the poetry
the emotions
the languages
of mine

así como ves, así como es vivido
tan real como las imágenes de tus sueños
que no piden permiso a la lógica para ser así


simplesmente são
n'est pas un problème!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

2005 Breakdown # 3




Não tenho nenhuma pretensão literária nesse daqui. Vamos direto ao assunto.
Muito difícil explicar a sensação que passa um diagnóstico psiquiátrico.
Março, 2005
Relatório Médico
IdeIdentificação: nome, filiação, naturalidade, data de nascimento, estado civil, escolaridade, residência. (deduzam)
Histórico: Paciente com história de transtorno mental há cerca de 3 anos e meio, caracterizado por humor depressivo-ansioso, tendência auto-punitiva, insônia, baixa auto-estima, negativismo, sentimento de desesperança, fragilidade emocional, idéias obsessivas, comportamento e atitudes compulsivas, rigor consigo mesma, idéias de morte e de auto-extermínio, idéias de culpa.
Já fez uso de Cloridrato de Peroxetina, Cloridrato de Sertralina, Divalproato de Sódio e Clonazepam.
Iniciou acompanhamento nesta clínica 16/12/2004, estando no momento em uso de Fluvoxamina – 100mg – 1 comp/8h e 2 comp/20h, Amitriptilina – 25mg – ½ ou 1 comp se insone e Bromazepan – 3mg – 1 comp/dia – SOS.
HD: F33, F42
De repente você não pertence mais a você, de repente, existe alguém que tem mais autoridade no assunto que você achava que tinha. De repente, você não se reconhce mais.
De repente, toma, aqui seu papel, aqui seus números.

É. Complicado, estou tentando entender porque tive a vontade de tratar desse assunto carregado de tamanha vulnerabilidade de forma tão escancarada.
Eu odéio esse relatório, primeiro. Foi em 2005, uma das piores épocas da minha vida, época que me faz mal revirar, me faz mal lembrar. Mas é o monstro no porão que não vai desaparecer só porque eu não gosto de falar dele. E as vezes parece que, quanto mais eu o ignoro, mais força lhe dou, no sentido de que vira algo tão importante que preciso gastar muita energia para evitá-lo. Entende?
Chega desse drama, desse peso. Quero acender a luz no porão, quero abrir a porta, e deixá-lo sair.
Em outubro, 2005, a coisa estorou de forma contundente e mais uma vez eu estava em umas das piores situações que já me encontrei. Foi no nível e intensidade da primeira crise (2003 e isso é outra história), mas desta vez tive que caminhar, mesmo com as pernas quebradas.
Os fatos situacionais: segundo semestre da UnB tinha sido interrompido por uma senhora greve e me desesperei diante da prospectiva de milhões de dias pela frente sem absolutamente “nada” a fazer. No meu desequilíbrio, decidi fugir para os EUA mais uma vez, como tinha feito aos 14, acreditando que aquilo seria a salvação. Fui cegamente menos de uma semana depois de tomar a decisão ignorando os sinais de alerta que já tinham virado sirenes. STUPID IDEA, STUPID IDEA, please reconsider!
Tinha programado ficar dois meses e acompanhar a greve de longe. Se terminasse antes, voltaria. Mas...
Queria contar como é sentir-se completamente crua, com a alma ferida exposta aos urubus da percepção distorcida, do pânico e o sentimento de total desamparo. Porém, dessa vez, estava longe dos meus recursos brasileiros, longe dos amigos, longe da minha casa, longe...com meu pai, que não tinha a mínima idéia de como me ajudar, apesar de se esforçar bastante. Dessa vez, não tinha a Vanessa para me acudir, me atender ao telefone e espantar os urubus nem que fosse por uns segundos.
Queria pode descrever o que é chegar ao fundo do poço...e depois afundar mais cem metros – não tem como explicar para ninguém o terror que sentia ao acordar de um sono perturbado e perceber que tudo que tinha abandonado no dia anterior ao adormecer não tinha sumido, continuava ali, me esperando...Um terror que fazia torcer o estômago, que fazia expulsar qualquer coisa que podia estar lá dentro em vômitos doloridos, que drenava toda e qualquer força que meu corpo e mente podiam ter recuperado aquela noite. Já começava o dia fraca, tendo que lutar contra um exército de horas sem fim...sozinha. Sozinha. Sozinha.
Acordava, chorava. Tomava Rivotril, me enrolava em 3 cobertores e me afundava em meio de travesseiros e bichinhos de pelúcia no sofá e me acalmava, sentindo o Rivotril chegar ao cérebro e tomar conta dos comandos. Falsa segurança, porém melhor que nada. Para mim, o Rivotril adiava meu desespero mais um pouquinho, me dava mais alguns minutos de alento para que outro dia pudesse passar e que eu pudesse sobreviver. Acordava do entorpecimento e chorava. O terror nao ia embora de jeito algum.
Aqui alguém pode perguntar, mas medo do que? O que aconteceu de fato, o que justifica tanto mal-estar? Não sei. Não sei. Era tão real quanto essas mãos que vos digitam, mas só eu sabia da ameaça, só eu testemunhava a presença, mesmo sem conseguir dar nome. Me sinto mal, tentava explicar para meu pai. Meu corpo dói, eu acho que vou morrer. Dad, I can't explain, but believe me.
Esforcei-me por ele. Tentei realizar os programas que ele bolava para nós, na ânsia de que eu aproveitasse minha visita. Tentava forjar ânimo. Entrava no carro, mas logo depois começava a chorar sem controle, pois as árvores pareciam me encurralar, as vozes no rádio pareciam me invadir e até perseguir. Para sair do carro era outro problema, lágrimas corriam intensamente mais uma vez. Acho que a palavra TERROR está até fraca para explicar. Em essas situações pegava o Rivotril na bolsa e secretamente enfiava um pouco na boca, para que meu pai não visse minha fraqueza total. Claro que ele via meu desespero, via meu choro, via meu pânico. Não tinha nem como não ver, cheguei a sair correndo de um restaurante para vomitar no estacionamento. O auge da humilhação e do abandono da tentativa de manter alguma imagem diante de qualquer pessoa. Me sentia um fracasso e uma decepção total.
Às vezes eu pedia para que ele me pusesse no colo, simplesmente, e me deixasse chorar. Lembro da cara de perplexidade dele diante do meu pedido. Meu pai nunca foi dado a assuntos muito da psiquê, o forte dele era a praticidade, o agir. Deus, como ele tentou me levar na onda da ação e praticidade!
Ele me levou a uma psicóloga, a uma psiquiatra, a Boston, a teatros, passeios de carro, ao cinema...Tentou arranjar aulas de arte, de psicologia e até trabalho, mas eu finalmente criei coragem para dizer a ele que tudo aquilo era desperdiço, pois eu precisava mesmo era ir embora. Então ele consentiu, muito tristemente, em adiantar minha passagem para o mais cedo possível e voltei para o Brasil.
Onde nada mudou.
Não sei como eu fiz para não pirar completamente. Tinha um senso de responsabilidade tão grande com minha família, especialmente com minha mãe, de que eu não poderia fazer isso novamente com eles. E, num ato de perfect timing, minha mãe decidiu mais uma vez cancelar seu apoio financeiro para terapia e assim, do nada, perdi o que parecia ser o último fio que me mantinha presa à Terra.
Parece que essa virada no destindo me deu o desespero suficiente para se tornar uma fé de mover montanhas. Nessa época me virei tão fortemente para os céus, travei um diálogo constante. Disse para Deus que aceitava o que estava acontecendo, aceitava e iria fazer de tudo para sarar, mas só se estivesse amparada 24/7 por Ele. Foi assim mesmo, negociação de igual para igual. Tinha que acreditar que por pior que eu me encontrasse, sempre teria um anjo ao meu lado que não permitiria que eu fosse aniquilada. Em um ato contratual, desenhei esse anjo e grudei com fita durex na parede ao lado do travesseiro.
Então eu saía de casa contra toda minha vontade. Contra todo instinto de preservação que eu tinha de me enfiar na cama, no meu forte de cobertores, na minha droga entorpecente do sono e esquecimento. Realmente não sei como, procurei um emprego numa escola de inglês e consegui! Uma vitória sem nenhum senso de vitória, pois significava acordar cedo, enfrentar o monstro do terror, a torção de estômago, o gosto do vômito, para depois ir dar aula para alunos que esperavam coisas de mim. E de alguma forma eu consegui fingir, por uma hora e meia cada terça e quinta, que eu era uma pessoa normal e não um corpo ambulante quase caindo aos pedaços. Deus do céu...eu entrava no elevador do prédio e dizia para o homem lá de cima “Segura minha mão! Estou confiando em você! Só por isso estou saindo, viu?!” Segura minha mão para que eu não desmaie no meio do caminho, para que eu não comece a chorar no meio da aula, para que eu não desista do meu primeiro empregozinho...”
Morria de vontade de pedir socorro para alguém físico, encarnado, mas não via como. Eu não tinha dinheiro, tinha perdido a paciência, acolhimento e convivência cordial com minha mãe e não queria envolver pessoas em um processo de dependência e de preocupação por mim, já havia feito demais disso. Além disso, no fundo eu sabia que ninguém poderia entender. Acho que foi algo que tinha que ser.
Eu literalmente, cruamente, nuamente e solitariamente, atravessei o inferno. Um dia após o outro, uma hora após a outra, foi assim que caminhei.
Assim, chegou dezembro, que levou a 2006. Eu recuperada, com um psiquiatra conseguido por meio de um plano de saúde que minha mãe havia feito, medicada, o ano letivo retomado e minha vida num pique que surpreendia. Estava dando aulas de inglês e tinha tornado às aulas de italiano pelas quis tinha absoluta paixão. Consegui juntar dinheiro para retomar a terapia em fevereiro, sem ter que depender da aprovação de ninguém.
The End por enquanto. The End dessa historinha ai, de 2005.
Por isso que há coisas que hoje só podem fazer sentido nesse contexto de tudo que se passou para que hoje chegasse da forma que chega. É difícil para mim quando vejo que posso falar e falar e descrever e que vai ser visto como "depressão", "pânico", "transtorno mental". Puta merda. NÃO. NÃO. Isso explica alguma coisa?? Isso dá a dimensão do que é passar por algo parecido? Faz o contrário, simplifica, classifica e banaliza, até.
Foi um milagre, isso sim. Por isso louvo os dias que passam e me mostram a força que aprendi a ter. Agora consigo acreditar nessa força e dar-lhe o crédito e respeito que merece. Muita coisa, muita mesmo se transformou e eu sei que não tem como voltar a ser como já foi. Amen.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sonho: Quartos fenomenológicos

Sonho du jour, dedicado aos meus queridos Ezequiel e Naty

Observo de um prédio em alguma cidade litorânea o mar em ressaca e ondas que invadem as ruas - violentas, repetitivas. Os carros começam a virar com sua força.
Digo para uma colega (Nicole) que está comigo:
-se prepare, porque a UnB vai alagar total...primeiro o subsolo, depois o térreo!
Como quem diz com voz de experiência, "vai se acostumando!"
Estou hipnotizada, assistindo às ondas virando os carros.
change of scenario
Estou passando por umas salas junto com algumas pessoas e passamos por uma sala onde alguém anuncia "Esse é o quarto da existência" e na hora eu capto o que ele quis dizer e complemento:
-Porque aqui os objetos têm sentido para a consciência que as percebem!
Percebo que isso faz do quarto anterior o quarto da essência, e sorrio ao me dar conta que realmente entendo a essência da fenomenologia e acho simplesmente genial.

Que tal?

domingo, 18 de abril de 2010

Non temere anima mia

Achei meu poema, escondido em um livro em uma estante em um canto de um bar de uma vilazinha no interior da Itália, quatro anos atrás. Copiei em um pedaço de papel que não sei como arranjei em um bar e um dia desses tentei achar, mas sem sucesso. Hoje achei, esperando dentro de uma agenda de 2008. A tradução é minha, allora pazienza!

Graffi d'odio e d'amore

Non temere anima mia,
anima fragile di poeta,
trafitta, ferita,
da mille lame di vita.
Resta così: leggera!
Più in alto di poco
-di un soffio soltanto-
dal rumore del mondo,
dallo stridore della realtà
dal mantello di pezzi di vetro
a trame fitte,
intessute d'odio
per chi, come te,
vuole ancora cantare.
Non lasciarti cadere
sei sfinita, lo so
e so che fa male, ma chi credi d'ingannare?
Anche se colpita
non puoi morrire;
anche se umiliata
non sai tacere
e non puoi odiare
sei anima di poeta
-ti conosco oramai-
e per questo dolore
è già puro amore.

Margherita Trua


Riscos de ódio e de amor

Não tema, alma minha
alma frágil de poeta,
apunhalada, ferida
por mil lâminas de vida
Fique assim: leve!
Mais alto um pouco
- por um sopro só-
do barulho do mundo
do estridor da realidade
do manto de pedaços de vidro
a tramas cheias
enredadas de ódio
por quem, como você
ainda quer cantar.
Não te deixes cair
estás cansada, eu sei
e sei que doi, mas quem credes que enganas?
Mesmo golpeada
Não podes morrer;
Mesmo humilhada
Não sabes calar
E não sabes odiar
És alma de poeta
-já te conheço-
e por essa dor
é já puro amor.