sexta-feira, 9 de abril de 2010

In All of These Things I Reside


You're a painting with symbols deep, symphony
soft as it shifts from dark beneath
a poem that flows, caressing my skin
in all of these things you reside and I
want you flow from the pen, bow and brush
with paper and string, and canvas tight
with ink in the air, to dust your light?
from morning to the black of night

- Sixpence None the Richer


Hipergrafia, de acordo com ilustríssimos neurologistas, se define como o “desejo irresistível de escrever, e sobre qualquer coisa” ou mais poeticamente como a “incurável ‘doença’ da escrita”.

Hmm. Como primeira atingida em seu pequeno ego ao ler uma colocação dessas, permito indignar-me.

Primeiro: doença da escrita? Doença?!

Doença seria se eu não escrevesse, se não pudesse ler, se a expressão da poesia e prosa me fossem negadas. Só de pensar sinto-me sufocar. Doença é esse mundo que cada vez lê menos, cada vez reduz a escrita a msgs de txt na www ou no cel.

Segundo: sobre qualquer coisa? Como assim, sobre qualquer coisa? Agora devo escrever sobre alguma coisa? Falado assim parece um vira-lata chutado ao canto, seu qualquer coisa!

Ah, se não fossem pelos grandes poetas e seus qualquer coisas, Emily Dickinson com seu “I’m a nobody, who are you?”, Fernando Pessoa com seu “Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?”. Há coisa mais bela? Sem falar na música... "Eu não sei dizer, o que quer dizer, o que vou dizer..."

Eu chego a delirar com os sons que compõem palavras. A minha doença particular. Observe, pipistrello! Pi pi streeello! Eis para mim o delírio do italiano. Além de palavras, é música que me toca fundo. Cada língua tem sua música e cada um tem seu gosto. O meu é extravagantemente bello.

Deliro também com o movimento da caneta ao formar as curvas que unem as letras. Escrever por escrever. Até no teclado, tec tec tec - ritmo, pressão, criação!

Eu sonho; my sickness will take me places.

Nenhum comentário:

Postar um comentário