Oi, novamente, eis-me aqui.
Sinto que me traí ao aceitar começar o estágio. Fiquei com raiva de mim ao ver aqueles contratos assinados e meu compromisso firmado com a pessoa diante de mim. Putz grila, agora não posso decepcioná-los, por questão de ética, por questão de humanidade básica. Eu lhes disse que podiam contar comigo e muitas outras coisas que não fui eu dizendo, mas sim alguém que ocupou meu lugar por aquelas horas. Quando acordei do transe e comecei a lembrar do que eu disse tive vontade de me bater...AAHH!!!
Tá certo, a primeira sessão, a pessoa chega com medo, na expectativa, se expõe...tenho que passar alguma esperança no trabalho e um senso de confiança, mas daí para passar a impressão que sou uma pessoa feliz de estar ocupando aquele lugar, são outros quinhentos. Tive vontade de dizer, com outra pessoa seria melhor...acredito na terapia mas não acredito que eu deva ser sua terapeuta, estou aqui testando meu relacionamento com a profissão, mais em estado de frustração e descrença do que qualquer outra coisa.
Como fazer então, ser autêntica e ter uma postura profissional, se eu não me identifico mais com minha profissão? Quando busco essa identificação, me sinto tão afastada de onde estou, longe e completamente racional.
Que tortura! É uma contradição constante e um caminhar por entre paradoxos. I feel like a pretzel.
Quantas vezes eu forcei a barra e escutei e aceitei tantas coisas que não queria por ter uma imagem de mim de boazinha e de terapeuta intinerante? Quantas quantas vezes as pessoas viram essa minha tendência e abusaram, sem eu saber impor limites? Não estou conseguindo separar os contextos e as situações.
E afinal, quem disse que por saber escutar e acolher, essa deve ser minha vocação? Sei fazer muitas outras coisas também.
Admitir tudo isso me causa dor, pois sinto que estou me divorciando de um casamento de tantos, tantos anos. Investi muito, dei minha alma e agora viro para meu cônjuge, estupefato e digo, “sinto muito, mas simplesmente não te amo mais!”. Estou bucando salvar o casamento, insistir, negar o problema, forçar a barra, continuar pelo menos pelos filhos...
Também me sinto horrorizada ao dizer tudo isso, porque parece que estou dizendo, “não me interesso mais pela experiência humana”. É isso mesmo? Que diabo de sentimento é esse? Ou talvez seja mais correto dizer, não me interesso mais em estudar a experiência humana. Ou não me interessa mais estudá-la na perspectiva clínica, como alguém que busca melhorar essa experiência?
Afe, não sei, as pergutnas fazem ciranda cirandinha na minha cabeça enquanto tento por em palavras ou em conceitos um sentimento tão preciso e forte.
Um sentimento forte que me remete a uma Maya que faz tempo não se expressa. Quero retomar os tempos em que minha vida era arte, era alegria, era questionamento, curiosidade...era escrever. Como me sentia dona das palavras e das cores em minha escrivaninha cheia de canetinhas, papel e imaginação. A maya depois disso foi a maya que escutava, a maya que ficava quieta, a maya que acolhia qualquer um, cheia de medos, a maya triste e angustiada.
To be continued. Maybe. Let's see where it goes...
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