terça-feira, 4 de maio de 2010

Semiótica do band-aid e cia.


Essa sensação que tomou conta do corpo hoje, a famosa sensação da ressaca do ataque de pânico que passou não-medicado.
Dificilmente me sinto disposta a encarar essa onda, mas hoje foi um desses dias de pensar, poxa, vamos tentar sem os químicos, né? E realmente, passou, lidei, respirei, continuei o dia, bem vivinha da silva. Porém o baque foi forte, o sono pegajoso e as olheiras do cansaço profundo do abalo total que são esses tipos de manhãs. Porque literalmente, tudo treme, treme na base e dá um medo que acho desumano. Medo pela ignorância absurda que sinto diante de mim mesma, da aparente arbitrariedade dos humores que governam, dos deuses que baixam e des-baixam.
Não sei, sinceramente, a que entendimento eu cheguei com os remédios depois desses anos todos. Amor-ódio, meu pior amigo, melhor inimigo, todos os paradoxos pensáveis. Comforto e desassossego, "em tratamento" e "dependente". Certos e errados foram embora faz muito tempo. Melhor e pior também adquiriram um status de relatividade impressionante, tanto que não consigo entrar e me colocar em discussões que envolvam assuntos desse gênero. Meu pensamento dá tantas voltas que no final não sai do lugar.
Tenho conseguido pensar melhor em imagens e agir melhor por atos simbólicos do que por muita racionalidade. Um band-aid no dedo que dói cobre uma imensidão de significados e fornece o embalo necessário. O café com leite ritualístico matinal surgiu de várias manhãs que pediam leite quente e xícaras com corações vermelhos para estômagos chorosos. Tônicos emocionais - toma aqui, você vai se sentir bem e forte. E funciona.
O mesmo vai com o remédio diário e o remédio S.O.S.
Tem um quê de mágico e fantasioso que ronda a ingestão:
O branco é como o gesso para a perna quebrada, para que eu possa correr firme e segura como fui feita pra fazer e já fiz. Guerreira com a perna quebrada, perna em algum lugar flutuante na alma.
O de gotas, para os momentos que a flecha atinge o pássaro voando, como antídoto para o veneno que vai se espalhar. As vezes é a cicuta, que faz morrer com dignidade antes da morte pelo estrangulamento, e daí do sono renasce a fênix respirando tranquila.
Nem sei o que estou falando mais, cito imagens que podem fazer nenhum sentido nessa tentativa de desenho por meio de palavras.
Pão de queijo como o remédio de conseguir descer um pouco mais a terra.
Travesseiro, abraço de fluidos envolventes e do mais profundo aconchego.
Agenda, papel que media meus acordos com o mundo, onde concordo em me comprometer. Por meio de minha caneta e minha letra, não assusta tanto.
O celular, o contato e abraço desejado à distância de um botão.
A caneta como lembrança do meu poder de expressão, de grito se as coisas pegarem.
Versos que quebram a Prosa -
e estabelecem ritmo forçado,
tal qual
o Sangue que pulsa
e rebate,
eterno cantante
do fato
de que viver
foi,
e é,
uma escolha.
Constante.

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