We find love it's hiding here
In the darkness in the shadows
Maybe it's up to you and I
To bring it to the light
Love when I approach the tears
They fall like rain
You tell me baby your heart's into a thousando pieces
-DMB
O ritual de escrever. Ou melhor, o ritual de finalmente sentar para escrever. Falando nisso, esqueci de botar a água para ferver, a do café básico...Já volto.
(leitores, ouçam os passinhos que vão até a cozinha, a água da torneira na chaleira, o estalo do fogo elétrico acendendo....uma pausa para pegar um biscoito...passinhos de volta ao computador).
Sim, onde estava? O ritual de escrever que agora inclui o café, dedutivamente (se não sobre-estimo a inteligência dos acima referidos leitores).
O ritual inclui também a tentativa de fechar todas as outras janelas que teimam tanto em ficarem abertas
* cough cough gmail cough facebook cough msn*
Cough...Escolher um playlist do itunes e deixar rolar.
Claro que tudo começa com uma inspiração ou uma coceirinha que diz, "preciso escrever!!"
Pausa para o feitio do Nescafé...
(imaginem o que queiram, podem até aproveitar para irem no banheiro.)
Voltei.
Agora sim, tudo pronto.
Hoje teve aula de inglês e tive a honra de escutar da minha aluna que ela pretende continuar por um bom tempo, não só até a viagem até London in November.
"Nãaao, você ainda vai ter que me aturar por um bom tempo!!"
Sorri com um prazer e até com vontade de rir pois imaginava que ela que tinha que me "aturar" no meu aprendizado como self-invented teacher. Se ela soubesse que é peça crucial no meu novo momento de redefinir rumos, minha cobaia existencial, eu que teria que pagá-la pelos nossos encontros.
Insights são coisas bizarras e conseguem surgir em momentos inesperados tal como em meio a uma caminhada forçada no parque às 16 horas de uma quinta feira. Sofri um ataque de insights encadeados e tive que me forçar a respirar para dissipar a sensação de leveza extrema da cabeça. Foi uma espécie de conexão a outro plano onde tudo fica claro, CLARO e tal como o sol após muita sombra, cega e desnorteia. Cuidei para não perder o fluxo e para não me deixar empolgar demais também em um ataque semi-maníaco de querer salvar o mundo. Tal como os fluxos que levam para baixo, a mediunidade também abre portas para fluxos de entidades que trazem valiosas contribuições. Esses "fluxos" me ocorrem com frequência porém nunca planejados e, quando ocorrem, sei identificar direitinho que é um momento sagrado e que alguém está falando diretamente comigo.
Eu sei, eu sei, curiosos para saberem o que é que foi dito e ouvido, né? Sinto muito decepcionar, mas isso ficará comigo. Difícil demais descrever e difícil demais transmitir a sensação que acompanha que, para mim é o mais importante, pois eu já tive os pensamentos milhões de vezes, mas eram sempre hipóteses, dúvidas, hesitações, passageiros. Esses outros pensamentos são fortes, ditados, causam uma alteração física e de consciência e estão imbuídos de tanto sentido que não há dúvida. Faz sentido, faz sentido com toda célula do corpo tal como a fé.
Foi assim que eu decidi ficar no Brasil e fazer vestibular, baseado em um momento desse de influxos poderosos. Estava no centro espírita antes da palestra começar, com a mente matutando meu eterno dilema, o que fazer o que fazer o que fazer após o segundo grau? Me veio em uma frase simples (por isso digo, não é o que é dito, é a sensação):
Fique aqui.
Eu lembro direitinho. Estava olhando pro chão quando escutei essas duas palavras. Foi tão nítido que levantei a cabeça e olhei para trás. Tive um momento de "Que??" e imediatamente eles reforçaram:
Fique aqui.
Como quem disse, é isso mesmo que você ouviu. Ok, certo, duas palavras. Mas imaginem o seguinte: Eu, que por tantos meses antes disso estava em crises contínuas de ansiedade/pânico/possuída pelo demônio e afins, pela primeira vez em muito tempo, derreti de alívio. Literalmente, derreti, manteiga ao sol. Pois foi sol, foi luz e calor e sentido para minha alma. Me senti tão esperançosa, acolhida e BEM. Tanto faz que saí de lá e aos poucos o sol foi perdendo a força e que eu não fazia IDÈIA do que seria "ficar aqui", mas eu sabia que era isso. Fique aqui. E deu certo, fiquei.
Enfim, o que queria dizer nem sei mais o que era. Sentei para escrever com outro tema em mente e fui por esses caminhos. Tudo bem, viva o escrever fenomenológico! (uuur!)
Minha mãe me ligou hoje com a voz vulnerável e amedrontada pedindo o número do meu psiquiatra. Pedindo ajuda, porque está reconhecendo sua dependência nos ansiolíticos (são anos, se não mais de uma década, de uso/abuso) e os ataque de pânico estão voltando.
Parece que estou mudando de assunto mas não estou. Está tudo ligado.
Receber essa ligação me fez lembrar alguns anos atrás e a crise que ela teve após o término do namoro super-conturbado e doentio. Passei quase um ano cuidando dela feito criança, ou melhor, feito depressiva, tendo que engolir a raiva e ressentimento que sentia ao me dar conta que eu estava fazendo por ela o que ela não pode fazer por mim quando eu passei por algo similar. Nessas horas ou se cresce ou se amargura para o resto da vida, vou te contar. Rezava todo dia para ter essa força de encarar a situação com maturidade e caridade no coração. Ela não conseguia sair de casa e todas as funções que antes ela fazia minimamente agora estavam zeradas. A casa virou minha, junto com as compras e cozinha e afins. Quando ela não conseguia de jeito nenhum evitar ter que ir ao trabalho tinha que dirigir por ela e ela pegava na minha mão e pedia "desculpa, desculpa".
O auge foram momentos em que ela me pegava para sentar ao lado dela na cama (tudo a meia luz) e começava a falar e falar e falar. Primeiro, detalhes do relacionamento dela com esse tal ex: das traições, das cenas trágicas, da vontade de matá-lo, dos planos para matá-lo, os pesadelos que ela tinha, as palavras sórdidas trocadas entre eles...Coisas que eu não queria ouvir e me feriam mas ela pedia, preciso falar com alguém. Segundo, do passado e de segredos de família que ela decidiu tinha chegado a hora de desvelar, tudo para conlcuir que era por isso que eu e minha irmã não amavam ela como mãe e ela merecia nosso des-amor. E finalmente, finalmente, as crises suicidas onde ela declarava com a voz pingando de dor que precisava se matar porque ela não aguentava, que sabia que iria sofrer do outro lado, mas que seria melhor porque ela poderia se render e não precisaria tentar mais. Eu escutava e o desespero tomava conta, desespero e raiva. "Mãe! Você está vendo isso aqui? EU? Segurando sua mão, te escutando, te cuidando? Tudo bem, você quer morrer para se render mas você está esquecendo, do outro lado não vai ter isso, não vai ter ninguém para segurar sua mão!"
Ela melhorou, sim, isso faz 3 anos aproximadamente.
Isso tudo me leva ao insight no parque. Estou em altos debates comigo mesma de como fazer para deixar meu "trabalho" na Animax de lado e me perguntando qual é minha função lá e qual a dificuldade de enfrentar esse assunto com minha mãe. E ficou claro. Eu sou o ansiolítico dela.
Ontem ficou claríssimo, pois ela descompensou com uns problemas com funcionários e eu precisei redigir a carta que ela queria entregar a todos, carta que ela ditava gaguejando e tremendo e interrompido por ataques de raiva e irritação com qualquer um, inclusive eu. Aí lembrei dela me abraçando uns meses atrás e dizendo que era tão bom me ver na Animax e trabalhar comigo, pois a minha presença a acalmava, era conforto.
A minha presença lá enquanto "assistente direta" é só um meio disfarçado de ter um bichinho de pelúcia sempre ao alcance. Quando saímos para almoçar ela treme e pede abraços, me dá um abraço, filha.
A volta dos ataques de pânico me assusta.
Na verdade, sei que eles sempre estiveram aí, latentes, mas o uso do ansiolítico conseguia mascarar e driblar os momentos de quebra.
Outro insight: Enquanto ela não admitir cuidar de si mesma e ser cuidada, eu nunca terei liberdade para fazê-lo eu mesma sem sentir que estou traindo-la. Meu uso de medicação, terapia, amizades, estudos, qualquer coisa - só faz com que ela se confronte com ela mesma e sua maneira de lidar com a vida e consigo mesma.
Volto ao ponto ao qual quero chegar. Esses insights serviram para desencadear outros, tal como uma chave que abre o primeiro portal e libera águas poderosas que por si mesmas conseguem abrir as outras portas. Tudo flui quando tenho certas clarezas. Se me libero da culpa e sentimento de lealdade irracional a ela, vejo minhas vontades e meu caminho. Sinto sentido para mim mesma.
Agora estou esperando um tanto quanto apreensiva que ela chegue em casa e me conte se conseguiu marcar uma consulta. Espero um tanto quanto apreensiva que ela perceba meu novo fluxo e retomada de ânimo e se sinta abandonada.
Preciso que você acredite,
Te amo, mãe.
So here we are all of us stand around
We're leaning heavy on each other
Always wondering what is it that lies behind
The worried eyes of one another
Well I believe it's love that's hiding here
deep inside both you and me
Maybe it's up to you and me to share it with the light
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